Seja no dia a dia do consultório ou durante parte da minha experiência acadêmica, o aleitamento materno sempre foi um assunto polêmico e que deixava muitas dúvidas nas mulheres, devido a uma infinidade de mitos que foram criados e que, aos poucos, precisam ser quebrados.
“Talvez seu leite não seja forte o suficiente”, “essa criança parece estar com fome, dá uma mamadeira pra ela”, “nossa, você ainda amamenta? Mas seu filho já não está muito grande?” são apenas algumas frases que toda mãe já ouviu em algum momento da vida. E acredite, se ainda não aconteceu com você, vai acontecer. Infelizmente.
Fato é que nós, mulheres, passamos a nossa vida toda recebendo muita informação conflitante sobre a amamentação, como por exemplo o que podemos ou não comer durante este período. Mas é fundamental que a gente aprenda a filtrar o que faz realmente sentido e o que não faz, para que possamos fazer nossas escolhas de forma consciente e livres do medo e do julgamento das nossas habilidades enquanto mães.
Vamos começar pela questão do leite fraco. Será que isso realmente existe?
O leite materno é uma substância viva que evolui em sincronia com as necessidades do bebê a cada mamada. Ele contém nutrientes vitais, células geradoras de imunidade e células-tronco, além de alimentos para bactérias intestinais saudáveis e muitos outros componentes que não podem ser replicados. Isso não muda com a dieta de um indivíduo. Mesmo nas civilizações mais pobres, as mulheres engravidam, produzem leite e fornecem através dele a nutrição ideal para seus bebês.
Além disso, é preciso lembrar que pessoas se alimentam de formas muito diferentes ao redor do mundo, de acordo com seus costumes e cultura local. Alguns países não consomem carne vermelha, por exemplo, enquanto outros possuem uma dieta rica em condimentos e especiarias que são tidas como ‘proibidas’ durante o período de lactação em outros lugares. Logo, podemos concluir que não existe uma fórmula mágica ou uma lista de super alimentos que sejam capazes de produzir leite ou aumentar seu suprimento. A produção é determinada pela quantidade de leite retirado da mama. Simples assim. Quanto mais o seu bebe suga, mais estimula a sua produção. O mesmo vale também para a retirada do leite com bombinha.
Assim, a menos que haja uma razão física ou fisiológica para a baixa produção de leite, uma mãe que amamenta seu filho de forma regular será capaz de produzir leite suficientemente nutritivo para seu bebê, independentemente do que ela coma.
Isso porque os nutrientes que são encontrados em um alimento também são facilmente encontrados em outros. Por exemplo, os mesmos ácidos graxos encontrados no peixe também estão presentes nas nozes e na chia. E isso vale para tudo.
Por isso, o mais importante nesta fase é manter a calma, ter em mente que seu leite é sim capaz de manter seu filho saudável e alimentado, e buscar ajuda profissional caso você sinta qualquer dificuldade ao longo desse processo.
Vale lembrar que o aleitamento materno também proporciona uma série de benefícios para as mamães, como taxas reduzidas de ocorrência de câncer de mama e de ovário; diminuição do risco de desenvolver diabetes tipo 2, artrite reumatóide e doenças cardiovasculares, incluindo pressão alta e colesterol alto; melhor recuperação pós parto, entre muitas outras coisas.
Portanto, se você tem o desejo de amamentar, faça isso. Invista seu tempo, paciência e amor nesse momento e desligue-se dos comentários que não te fazem bem. E o mais importante: se por alguma razão você não consegue alimentar seu bebê apenas com o leite materno, está tudo bem também. Ninguém tem o direito de opinar sobre isso ou de emitir julgamentos. Combinado?
Como sempre, em caso de dúvidas, deixem aí nos comentários que eu volto para responder vocês.
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